agosto 18, 2007

A Evolução do Homo Sacolas Sapiens


Nos últimos dias, participando de alguns debates à respeito do uso das sacolas plásticas e de outras pequenas medidas ecológicas que visam eliminar ou diminuir o despejo dos derivados de petróleo nos lixões, tenho observado tamanha resistência, não só por parte das empresas envolvidas com a fabricação e venda das sacolas mas também por parte da Sociedade, tanta desinformação e, pior, tanta falta de vontade de aprender, que começo a pensar que o Homem, em sua trajetória sobre a Terra, tão logo dominou a técnica do fogo, pôs-se à pensar em como transportar a caça para sustento de suas famílias e por isso chegamos às sacolas plásticas. Afinal, como é que eles carregavam os alimentos para a Caverna? Talvez daí, sim, tenha surgido todo esse progresso que culminou com a derrocada do Planeta. Afinal, era preciso chegar à perfeição das sacolas plásticas para transportar alimentos.

Na verdade, essa idéia é recorrente para mim. Sempre que entro num elevador ou transporte público e vejo alguém portando dois celulares, falando alto, num deles, sem observar os demais passageiros, observo o indivíduo com seus handhels, palmtops, smartphones, ipods e outros tantos acessórios “indispensáveis”, imediatamente me vem à mente a curva do tempo, entre o domínio do fogo, lá nas eras primitivas e a dependência atual que criamos para os inúmeros artefatos e (in)untensílios que o Homem Moderno carrega. O apego que temos à determinadas práticas e à coisas que dizemos “não poder viver sem” mostra bem o que quero dizer aqui. A maioria das engenhocas e utensílios criados pelo Homem, visam dar conforto às sociedades, é claro. O problema está na forma apaixonada que nos apegamos a esse “conforto” e desaprendemos a viver sem tê-lo ao alcance das mãos. É o chamado amor táctil, que nos fez dependentes e que me faz perguntar: Como se vive numa cidade sem os benefícios da eletricidade? Como caminhar quilômetros para pegar água barrenta numa cacimba? Quem são aquelas pessoas que nunca viram um aparelho de TV? Seriam extraterrestres? Nossa Sociedade evoluiu tão rapidamente que, parece, se esqueceu de viver as coisas simples e, por incrível que pareça, tanto “conforto”, tanta tecnologia, ainda não foi capaz de nos tornar simplesmente felizes. Talvez seja porque a felicidade não esteja nessas quinquilharias que teimamos em colecionar porque a mídia nos diz que é prático e indispensável, porque ensinaram que devia ser dessa forma, porque todo mundo usa.

Esse “apego”, essa dificuldade em reciclar idéias faz com que, muitas vezes, nem queiramos escutar novas idéias, novas propostas de um viver mais simples. Descartamos as novas idéias de sustentabilidade como descartamos o nosso lixo, diariamente, sem nos preocupar com onde é que ele vai parar.

De qualquer forma, as mudanças virão e teremos que nos adaptar a elas. A grande questão, que eu deixo para vocês responderem é, se temos dificuldades em aceitar uma troca simples de consumo, como o assunto lá em cima, das sacolas plásticas que tanto mal fazem ao meio ambiente, como é que pretendemos construir um mundo sustentável? Que sacrifícios estamos dispostos a fazer? Plantar uma árvore virtual e esperar que o planeta não entre em colapso por causa disso? Acho, infelizmente, que vamos ter que fazer um pouquinho mais de “sacrifício”.

Claudia Costa

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